sábado, 23 de junho de 2012


Rio+20

             A Rio+20 é Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável,  ocorre de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Não é uma reunião para discutir meio ambiente, mas sim como as esferas sociais e ambientais, além da econômica, também devem ser consideradas no desenvolvimento de um país.

Para tentar explicar melhor o que é Conferência, a ONG Oxfam fez um diagrama em rosquinha. Ele mostra que a vida humana existe entre um piso e um teto. O piso é a necessidade social de viver, de ter acesso a alimentação, água e conforto. Mas o teto é o quanto o ambiente pode fornecer, sem afetar as gerações futuras. Saiba mais...

 Sustentabilidade
            A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Esta definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Economia verde

             A chamada "economia verde" é um dos temas centrais da Rio+20. Contudo, os países ainda não chegaram a um consenso sobre a melhor definição e alguns países, inclusive, são contra sua utilização. Mas qual o motivo para tanta controvérsia sobre o tema?
A definição mais básica da economia verde é a que se opõe à economia marrom (a atual), ou seja, seria uma economia mais preocupada com a preservação do ambiente e sem o intenso uso de combustíveis fósseis como carvão e petróleo que são altamente poluentes.
Mas nada é tão simples quanto parece. Para os países em desenvolvimento, representados pelo G77+China, dependendo de como a economia verde for definida no documento final da Rio+20 pode levar a um comprometimento de adesão a padrões tecnológicos e de condicionantes ao financiamento que eles temem não conseguir cumprir. E além, acreditam que os países desenvolvidos podem usar destas regras para criar barreiras a produtos exportados por eles. O que o G77 defende é um desenvolvimento sustentável que leve à erradicação da pobreza e preservação do meio ambiente, mas sem a obrigação de ser por tecnologias verdes (que podem ser caras e produzidas apenas pelos países ricos).

Já a crítica mais pesada vem de ONGs, acadêmicos, cientistas e é compartilhada pelo governo brasileiro: a economia verde se vale do modo de produção e consumo capitalista, apenas tingindo de verde o que realmente é mais danoso ao ambiente. Assim, não adianta consumir produtos que gerem menos prejuízo ao ambiente, mas no ritmo desenfreado de hoje. O fim será o mesmo, só um pouco adiado. 

Por outro lado a questão é: com o empoderamento da população mundial é normal que a busca por conforto e bens aumente. É certo impedir que um chinês tenha carro enquanto o americano tem quase mais de um carro por habitante? A solução seria estimular a mudança do consumo e não só adaptá-lo.

Além disso, outra forte crítica é a mercantilização dos bens naturais. Uma das ideias da economia verde é precificar o meio ambiente, como por exemplo, o Brasil receber para manter a Amazônia em pé e com isso garantir a captura de CO2 e a biodiversidade local. E o mais difícil, descobrir quanto isso valeria. Para alguns ecologistas, não é entrando no mercado que o ambiente será preservado.

Os defensores do mercado defendem que a economia verde tem que ser mais barata do que a marrom para que ela realmente "pegue", já os ambientalistas defendem a vontade política dos Estados para impor sua adoção. E a discussão vai longe...

 Fora PIB

            O PIB (Produto Interno Bruto) é hoje o principal indicador de desenvolvimento de um país. Quanto maior o PIB, mais desenvolvido ele é, teoricamente. Para alguns, o PIB for per capita é um indicador ainda melhor. Mas ideia que ganha fôlego na Rio+20 é a de que o PIB não é suficiente para medir o desenvolvimento de um país. É necessário envolver também indicadores sociais e ambientais.

O PIB per capita é um indicador melhor, pois divide a riqueza do país pelo número de habitantes, mas não mostra desigualdades sociais. Para medir o desenvolvimento social, o indicador mais utilizado hoje em dia é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), mas para o ambiente não há um correspondente.

Um dos objetivos da Rio+20 é trazer um caminho para a criação deste índice que una as três vertentes e tem sido popularmente conhecido como índice de felicidade.


Sem protocolos

             O objetivo da Rio+20 não é produzir um protocolo ou um documento final com metas que devem ser aprovadas nos países. Ela terá uma carta de intenções para os próximos anos, não muito diferente do que foi a ECO92. Lá foram lançadas Conferências como a do Clima e de Biodiversidade que conseguiram atingir protocolos, como o de Kyoto (para as emissões de gases do efeito estufa) e o de Nagoia (para a biodiversidade).

Com o fortalecimento de programa da ONU para o meio ambiente, a Conferência deve mostrar o caminho para se chegar ao desenvolvimento sustentável sem metas com números.


O que são ODS?

Assim como temos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com metas para acabar com a extrema pobreza e a fome, promover a igualdade entre os sexos, erradicar doenças até 2015, discute-se adotar na Rio+20 os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ele seria baseado em 26 temas e o prazo seria 2030.

Se todos os temas como energia, segurança alimentar, erradicação da pobreza, água etc. serão abordados e como serão ainda é tema para discussão durante a Conferência. Espera-se que não se fechem as metas propriamente ditas, mas que se abra caminho para defini-las.

 Você já ouviu falar de “pegada ecológica”?



Pegada Ecológica? O que é isso?

              Você já parou para pensar que a forma como vivemos deixa marcas no meio ambiente? É isso mesmo, nossa caminhada pela Terra deixa “rastros”, “pegadas”, que podem ser maiores ou menores, dependendo de como caminhamos. De certa forma, essas pegadas dizem muito sobre quem somos!

            A partir das pegadas deixadas por animais na mata podemos conseguir muitas informações sobre eles: peso, tamanho, força, hábitos e inúmeros outros dados sobre seu modo de vida.
           Com os seres humanos, acontece algo semelhante. Ao andarmos na praia, por exemplo, podemos criar diferentes tipos de rastros, conforme a maneira como caminhamos, o peso que temos, ou a força com que pisamos na areia.
Se não prestamos atenção no caminho, ou aceleramos demais o passo, nossas pegadas se tornam bem mais pesadas e visíveis. Porém, quando andamos num ritmo tranqüilo e estamos mais atentos ao ato de caminhar, nossas pegadas são suaves.
Assim é também a “Pegada Ecológica”. Quanto mais se acelera nossa exploração do meio ambiente, maior se torna a marca que deixamos na Terra.
O uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a degradação ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são rastros deixados por uma humanidade que ainda se vê fora e distante da Natureza.


A Pegada Ecológica não é uma medida exata e sim uma estimativa. Ela nos mostra até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com a capacidade do planeta de oferecer, renovar seus recursos naturais e absorver os resíduos que geramos por muitos e muitos anos.
Isto considerando que dividimos o espaço com outros seres vivos e que precisamos cuidar da nossa e das próximas gerações. Afinal de contas, nosso planeta é só um!



Saiba como é calculada a pegada ecológica e descubra seu próprio impacto sobre o ambiente


O Brasil, segundo o Relatório Planeta Vivo, do grupo ambientalista WWF, é o 56º na lista de países que consomem mais recursos naturais do que o planeta é capaz de repor.

Nosso país tem uma pegada ecológica (impacto negativo ao meio ambiente) considerável: são 2,9 hectares globais por habitante (gha), sendo que o ideal é 1,8 gha.

A cidade de São Paulo, por exemplo, consome 100 vezes mais recursos naturais do que consegue produzir, segundo um estudo divulgado na Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável,  que ocorre de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.


Seu impacto

E você, sabe qual o seu impacto sobre o meio ambiente? A Global Footprint Network, organização internacional voltada para a promoção da sustentabilidade, criou uma ferramenta para que cidadãos comuns sejam capazes de medir sua pegada ecológica. O cálculo envolve a análise de hábitos como consumo de carne, gasto de luz em casa, distância percorrida de carro por dia e número de viagens de avião no ano, entre outros.


Alimentação

© WWF-Brasil / Mens

 Se você consome os alimentos da estação, frutas, verduras, legumes e cereais produzidos localmente, através da agricultura orgânica, parabéns! Assim você contribui para a redução do uso de agrotóxicos e para uma exploração mais racional dos recursos do planeta.
Por isso, evite alto consumo diário de proteínas (carne animal), de produtos industrializados e de fast food. Além de uma dieta mais saudável, você irá evitar a produção de muitas embalagens, que logo viram lixo.
Além disso, é importante lembrar que 60% da água doce disponível em nosso planeta é destinada à produção de alimentos. Veja na tabela abaixo a quantidade de água necessária para a produção de alguns deles:

Hábitos

© WWF-Brasil / Mens

Todos os nossos hábitos de moradia, alimentação, consumo, locomoção têm relação direta com a utilização dos recursos naturais, assim como nossas opções de lazer. Divertir-se é algo fundamental para a boa qualidade de vida, mas o lazer e o turismo predatório são responsáveis por algumas das mais visíveis Pegadas deixadas pelo homem no ambiente: a degradação de inúmeras paisagens em litorais, montanhas e cidades históricas.
Procure conhecer as chamadas “viagens sustentáveis”, nas quais o transporte e a estadia são coletivos, a mão de obra local é valorizada, assim como o artesanato e as comidas típicas da região. Da mesma forma, no lazer urbano, é importante valorizar o contato com a Natureza, visitando parques, estações ecológicas, e evitar a geração de grande quantidade de lixo.
A coleta seletiva também pode contribuir bastante na redução de sua Pegada. O lixo de ser separado e entregue em Pontos de Entrega Voluntária (PEV) ou aos catadores e às cooperativas de reciclagem.

 Consumo
© WWF-Brasil / Mens

O excesso de hábitos consumistas é um dos fatores que mais contribui para o esgotamento das reservas naturais do planeta. Sendo assim, evite substituir aparelhos que agregam alta tecnologia desnecessariamente e reduza o consumo de produtos descartáveis. Além de reduzir sua Pegada, esses hábitos vão fazer bem para seu bolso!
Procure adquirir produtos “verdes”, de empresas que estejam envolvidas em programas de responsabilidade socioambiental e certificadas com o ISSO 14000 (certificação ambiental).
Ao comprar carvão, verifique na embalagem se o produto é registrado no IBAMA. Quando não há registro, a madeira usada para produzir o carvão é de origem ilegal, o que significa que parte de alguma floresta foi cortada e queimada sem autorização.
Quando comprar palmito em conserva, verifique no rótulo o número de registro no IBAMA. Não compre, caso não haja este registro, pois a retirada deste recurso da floresta foi ilegal.
Não compre orquídeas e bromélias à beira das estradas, pois podem ter sido retiradas da floresta, de forma predatória. Prefira plantas vendidas em lojas e supermercados, cultivadas por produtores legalizados.
Ao comprar móveis e madeiras, dê preferência aos que são feitos de pinho e verifique se o comerciante possui documentos de que a madeira é certificada com o selo FSC. Mais informações, visite o site www.fsc.org.br
Nunca compre animais silvestres. Caso queira adquiri-los, certifique-se de que sua criação tem certificação do IBAMA.
Será que em sua escola, clube ou trabalho as pessoas participariam de compras solidárias? O comércio ético e solidário é muito mais do que um movimento que valoriza as pessoas e a cultura. Hoje em dia ele é visto como uma ferramenta efetiva de desenvolvimento local, que contribui para a fixação das comunidades nas áreas rurais, buscando reverter o quadro atual em que cerca de 80% da população mundial se concentra em áreas urbanas.
Você sabia que o comércio ético e solidário vem crescendo ano a ano? Ele reúne os segmentos de produtos orgânicos, certificados ou naturais, artesanato, terapias alternativas, turismo responsável e outros setores. Então, entre nesta onda e consuma produtos do comércio ético e solidário. Você estará colaborando para reduzir a desigualdade social e promover o desenvolvimento econômico no rumo da sustentabilidade.


Moradia
© WWF-Brasil / Mens

 Se você mora com a família, com amigos, em comunidade ou com algum grupo, pode ter certeza de que está contribuindo para a redução de suas pegadas, pois, no coletivo, a água, a energia e outros recursos naturais são sempre melhor aproveitados. Quem mora sozinho, em geral, atinge altos graus de desperdício de recursos. Além do mais, em grupo, é possível otimizar muito o uso de equipamentos eletrodomésticos como geladeira, televisão e outros, evitando ter um equipamento por pessoa. Outra opção é adotar equipamentos e tecnologias que reduzem o consumo de água e energia.
Procure identificar vazamentos em sua casa ou no seu bairro, evite o uso da mangueira para limpar calçadas ou lavar o carro e junte roupas para lavar e passar. Verifique também em sua conta de água o total de metros cúbicos mensais e divida este número por 30 dias e pela quantidade de pessoas que moram em sua casa. Assim, além de reduzir sua Pegada, você poderá conhecer sua média individual de consumo de água diária.
Você pode poupar energia e água por meio de simples práticas caseiras, como isolamentos térmicos, utilização de lâmpadas fluorescentes e aparelhos elétricos e eletrônicos com o selo PROCEL, pois estes consomem menos energia.
Desligue aparelhos, inclusive da tomada, quando não estiverem sendo utilizados. Reduza o uso do ar condicionado, privilegie sempre a iluminação de ambientes com luz natural e procure utilizar as escadas em vez do elevador.
No Brasil a maior parte da energia consumida é produzida por hidrelétricas, que exigem, para seu funcionamento, a construção de grandes barragens. Dessa forma, torna-se necessário represar rios e inundar áreas, reduzindo as florestas, impactando a vida de milhares seres vivos, retirando comunidades de suas terras e alterando os climas locais e regionais.

 Transporte
© WWF-Brasil / Mens

 O aquecimento global é causado, em grande parte, pelos gases da combustão dos motores dos automóveis. Por isso, um transporte sustentável tem de utilizar a energia de maneira eficaz, ou seja, transportar o máximo de carga possível gastando o mínimo de combustível. Dessa forma, evite andar de carro sozinho. Você pode ampliar suas formas de locomoção, utilizando bicicletas, percorrendo pequenos trechos a pé, privilegiando o uso de transporte coletivo ou organizando caronas solidárias com colegas de trabalho ou da escola. Fazer a revisão de seu veículo particular também é importante, além de abastecê-lo com combustíveis alternativos (álcool, gás natural, biocombustível) e dirigir com pneus calibrados.
O uso do avião também deve ser repensado. Um avião em uma viagem do Brasil à Europa despeja uma quantidade de carbono na atmosfera que um carro, percorrendo 30 km por dia, produziria em mais de dois anos. Dessa forma, reveja seus itinerários e a necessidade de viajar. Reuniões de trabalho, muitas vezes, podem ser realizadas via teleconferência, evitando grandes deslocamentos.





http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2012/06/16/saiba-como-e-calculada-a-pegada-ecologica-dos-paises-e-descubra-seu-impacto-sobre-o-meio-ambiente.htm

http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/